Nesse domingo (6/2/22) o Contagense amanhece com as passagens dos ônibus a R$5,00.
A prefeitura justifica o acréscimo de 0,50 centavos na tarifa ao aumento do custo dos combustíveis e na inflação. Nenhuma palavra sobre o arrocho e carestia que recaem sobre nosso povo tão sofrido.
Mas o que mais chama atenção é a Prefeitura dizer que daqui pra frente vai cobrar cumprimento dos horários e melhorias nas condições dos ônibus.
Esse argumento é no mínimo estranho, porque essa cobrança em relação a melhores condições já era pra ter sido feita e não se sabe o porque não aconteceu até hoje. Essa pendência já existe desde o início da pandemia da COVID lá em 2020 e o poder público cruzou os braços e as empresas fizeram cara de paisagem.
Com a pandemia, os horários foram reduzidos e os ônibus circulam mais lotados do que nunca, em flagrante desrespeito às normas sanitárias de combate ao vírus. E aí passaram-se mais de dois anos e nada foi feito. Nenhuma multa aplicada. Nenhuma fiscalização mais eficaz. Nenhuma atitude concreta para melhorar o transporte público. Agora, o reajuste das tarifas vem nos prazos e valores “rigorosamente” em dia!
Ora, isso faz despertar na população uma justa indignação, uma sensação de que o poder público só socorre os mais fortes, sendo que os mais fracos sempre ficam no fim da fila.
O mundo gira e os problemas continuam no mesmo lugar. Em 2013, na época em que eu era prefeito de Contagem, iniciou-se um dos maiores movimentos populares contra os aumentos das tarifas dos ônibus, as chamadas jornadas de julho.
Sensibilizado com a situação anunciei a redução no preço das passagens de ônibus. A passagem em Contagem foi reduzida em R$0,20, caindo de R$2,95 para R$2,75.
https://www.otempo.com.br/cidades/contagem-e-betim-anunciam-reducao-no-preco-das-passagens-1.667379#
Na mesma época, levei para a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) a proposta de se iniciar um grande movimento a nível nacional para implementar uma política “RUMO A TARIFA ZERO”, discutindo formas de se reduzir o custo do transporte público coletivo e melhorar a qualidade do serviço.
Infelizmente nos últimos anos esse debate esfriou e nada de concreto foi feito. Tá na hora de gestores, empresários e movimentos sociais retomarem esse debate e fazer alguma coisa pra melhorar essa caótica situação do transporte público coletivo, ou estão sentido saudades das históricas e homéricas jornadas de Julho de 2013?
*Por Carlin Moura – Ex-prefeito de Contagem (2013/2016) e vereador